05 de setembro de 2025

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Quando o excesso de vitaminas deixa de proteger e passa a adoecer

Saúde Hipervitaminose 04/09/2025 06:24

Especialistas alertam como o uso indiscriminado de suplementos podem trazer riscos graves à saúde

 

Nos últimos anos, a suplementação de vitaminas deixou de ser restrita a recomendações médicas e ganhou o status de “moda” no Brasil. Influenciadores digitais, academias e até clínicas estéticas oferecem complexos vitamínicos em cápsulas, injeções e até soros venosos, muitas vezes sem indicação adequada. O tema ganhou repercussão nacional após o Fantástico, da TV Globo, exibir reportagem recente sobre os riscos da chamada hipervitaminose, a intoxicação provocada pelo excesso de vitaminas no organismo. O alerta tem fundamento, já que, dados recentes da Anvisa mostram que, desde o ano passado, foram registradas 240 notificações de problemas relacionados ao uso de suplementos vitamínicos, sendo 28% de efeitos considerados graves. O mercado, por sua vez, não para de crescer: a indústria de suplementos vitamínicos movimenta cerca de R$4 bilhões por ano no Brasil, impulsionada pela busca por saúde, estética e performance.

 

Segundo a endocrinologistada Afya Educação Médica Brasília, Dra. Luciana Corrêa, a maioria das vitaminas necessárias ao corpo pode ser obtida por meio de uma alimentação equilibrada, rica em frutas, vegetais, cereais integrais, ovos e carnes. A vitamina D, por exemplo, depende ainda da exposição solar regular para ser ativada no organismo. O problema, explica a médica, está na suplementação indiscriminada. “Infelizmente, temos visto a indicação de vitaminas por via intramuscular e venosa, em doses não recomendadas. Isso aumenta muito o risco de intoxicação, especialmente no caso das vitaminas lipossolúveis — A, D, E e K — que ficam armazenadas no corpo”, alerta.

As consequências do excesso variam conforme a vitamina envolvida. A intoxicação por vitamina A pode gerar dores de cabeça, pele seca, queda de cabelo, fadiga e até danos ao fígado. Doses elevadas de vitamina E favorecem hemorragias, sobretudo em pessoas que usam anticoagulantes, enquanto o excesso de vitamina K pode aumentar o risco de trombose. Já a intoxicação por vitamina D é a mais comum, podendo causar cálculos renais, insuficiência renal e, em casos extremos, necessidade de hemodiálise.

O gastroenterologista e professor do Centro Universitário Afya Itaperuna, Raphael Gomes, reforça que a hipervitaminose pode ser aguda, quando ocorre logo após doses muito altas, ou crônica, resultado do uso prolongado de suplementos. “Os sintomas vão desde náuseas, vômitos e dor abdominal até alterações neurológicas, como tontura e irritabilidade, além de manifestações cutâneas, queda de cabelo, dor óssea e alterações visuais”, detalha. Ele explica que o diagnóstico não se limita a uma simples dosagem de vitaminas no sangue. “É preciso cruzar a história clínica, os sintomas e os exames laboratoriais complementares, como cálcio, função renal e enzimas hepáticas. Só assim é possível confirmar o quadro”, acrescenta.

A nutróloga da Afya Educação Médica Goiânia, Marcela Rages, lembra que, embora as vitaminas lipossolúveis ofereçam maior risco de toxicidade por ficarem armazenadas no fígado e no tecido adiposo, até mesmo as hidrossolúveis, como vitamina C e B6, podem causar problemas em doses muito altas. “Muita gente acredita que vitamina não faz mal, mas isso não é verdade. Em excesso, até as hidrossolúveis podem gerar efeitos adversos, como diarreia, cálculos renais e neuropatia”, explica. Segundo a especialista, a única forma segura de saber se há necessidade de suplementação é com avaliação médica e exames. “Uma boa alimentação já é suficiente na maioria dos casos. Mas cada organismo tem particularidades. Suplementar sem necessidade comprovada é um risco totalmente evitável, mas, infelizmente, ainda muito comum”, afirma Marcela.

Os médicos também destacam os grupos mais vulneráveis, como gestantes, idosos e pessoas com doenças renais ou hepáticas. Para eles, o recado é claro: a suplementação só deve ser feita sob acompanhamento profissional e dentro das doses recomendadas. Em casos de toxicidade, a conduta envolve suspender o suplemento, tratar os sintomas e adotar monitoramento periódico para evitar recorrências.

Como resume a Dra. Luciana Corrêa, a vitamina D,  uma das mais suplementadas,  ilustra bem o dilema. Ela é fundamental para a saúde óssea, muscular e imunológica, mas seu excesso pode ser extremamente perigoso.“Com exposição solar regular de 10 a 30 minutos, algumas vezes por semana, já conseguimos manter níveis adequados na maioria das pessoas. Quando não for suficiente, a suplementação oral e em doses adequadas é a opção mais segura. Aplicações intramusculares devem ser evitadas”, orienta.

Em um cenário em que o mercado de suplementos cresce de forma acelerada e movimenta bilhões todos os anos, a hipervitaminose surge como um alerta: vitaminas são essenciais, mas não são inofensivas. O uso consciente, aliado à orientação médica, é o único caminho para que elas cumpram seu papel de fortalecer o organismo sem colocar a saúde em risco.

Sobre a Afya  

A Afya, maior hub de educação e tecnologia para a prática médica no Brasil, reúne 38 Instituições de  Ensino Superior em todas as regiões do país, 33 delas com cursos de medicina, e 25 unidades  promovendo pós-graduação e educação continuada em áreas médicas e de saúde. São 3.653 vagas de  medicina autorizadas pelo Ministério da Educação (MEC), com mais de 23 mil alunos formados nos  últimos 25 anos. Pioneira em práticas digitais para aprendizagem contínua e suporte ao exercício da  medicina, 1 a cada 3 médicos e estudantes de medicina no país utiliza ao menos uma solução digital do  portfólio, como Afya Whitebook, Afya iClinic e Afya Papers. Primeira empresa de educação médica a abrir  capital na Nasdaq em 2019, a Afya recebeu prêmios do jornal Valor Econômico, incluindo "Valor Inovação"  (2023) como a mais inovadora do Brasil, e "Valor 1000" (2021, 2023 e 2024) como a melhor empresa de  educação. Virgílio Gibbon, CEO da Afya, foi reconhecido como o melhor CEO na área de Educação pelo  prêmio "Executivo de Valor" (2023). Em 2024, a empresa passou a integrar o programa “Liderança com  ImPacto”, do pacto Global da ONU no Brasil, como porta-voz da ODS 3 - Saúde e Bem-Estar. Mais  informações em http://www.afya.com.br e ir.afya.com.br.


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